quero convidá-la para uma entrevista no projeto “como eu escrevo”, que reúne relatos de escritoras e pesquisadoras sobre seus hábitos e rotinas de escrita.
Como funciona: eu preparei um roteiro de dez perguntas que você pode responder e me enviar por e-mail. Aqui estão as perguntas: […xx…xx…]
Os detalhes estão no link acima, mas adianto que não há prazo e que vou adorar saber se você tem sugestões para novas entrevistas.
Um abraço,
José Nunes
OBS (Ju): O Projeto “Como eu Escrevo” foi posteriormente desdobrado em uma Editora, também de propriedade de José Nunes de Cerqueira Neto, chamada Colenda. Infelizmente, nesse momento, 19.06.2024 às 2hs10m, tanto o site contendo as entrevistas quanto da Editora, encontram-se desativados com suas respectivas redes sociais. José Nunes é autor de “A inércia da tradição”, obra em que relata “como um dos congressos mais conservadores da nossa história foi capaz de elaborar uma constituição tão progressista?”
COMO EU ESCREVO
(original – 12.06.2020 às 15hs2m)
Informações prévias:
- A entrevista será publicada no […xx…xx…]. Não há prazo nem limite para as respostas. (As entrevistas mais longas costumam ser as mais compartilhadas.)
- O como eu escrevo não está ligado a nenhuma instituição. Ele surgiu para ajudar jovens escritores e pós-graduandos como eu, que sofrem para escrever.
Roteiro de perguntas:
1. Como você começa o seu dia? Você tem uma rotina matinal?
Exijo mais de mim quando tenho algum projeto a ser criado ou desenvolvido. Quando não tenho algo a criar, costumo levantar sem pressa, tomar café da manhã, organizar meu ambiente de trabalho e, somente então, prescrevo novas tarefas, seguindo sempre minha intuição. Não sei se minha prática se encaixa propriamente em uma rotina, pois procuro sempre manter minha liberdade de escolha e flexibilidade. Quando tenho um projeto, me sinto atraída por seu desenvolvimento e automaticamente sou compelida a seguir um maior rigor disciplinar, inclusive quanto ao cumprimento de horário e prazos. No entanto, quando tentei me balizar por cronogramas e a estruturar demasiadamente minhas atividades, não rendi o quanto esperava e acabei desenvolvendo ansiedade. Felizmente compreendi que já tenho uma estrutura mental moralmente comprometida e responsável. A partir daí, fui progressivamente me libertando e, hoje, trabalho intensamente sem o atropelo de horas ou dias, apenas com o compromisso pessoal de fazer e cumprir. Ou seja, procuro estar feliz antes, durante e, certamente, depois, quando me proponho a fazer algo. Pensando nisso, eu criei a www.projeteseusucesso.com.br como uma forma de me conectar ao mundo e compartilhar meu conhecer: felicidade e amor fazem toda diferença no desenvolvimento de projetos, quaisquer que sejam.
2. Em que hora do dia você sente que trabalha melhor? Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
Pode parecer contraditório, mas rendo muito bem durante a manhã e às vezes durante a madrugada. Meu processo de escrita envolve micro estímulos ou problemas intelectuais que eu mesma planto: a partir de um objetivo inicial, escrevo uma sentença e a leio em voz alta repetidas vezes. Trabalho muito com o querer, uma vontade intuitiva de resolver o problema (sentença original que criei). Tenho uma facilidade de projetar cenários e perspectivas, então, meu micro problema possibilita variadas soluções que conformarão outras sentenças, gerando um efeito em cadeia. Meu estímulo vem do processo criativo em si ouvindo atentamente cada uma das minhas ponderações. Quando concluo um parágrafo, volto, releio tudo novamente e tento sentir a harmonia dos sentidos do texto. Muitas vezes quando escrevo não tenho ideia de qual será a forma final do texto que resultará, mas procuro mantê-lo íntegro ao objetivo inicial. Com isso, mantenho viva dentro de mim a chama da descoberta.
3. Você escreve um pouco todos os dias ou em períodos concentrados? Você tem uma meta de escrita diária?
Quando inicio uma tarefa, gosto de vê-la concluída logo, mas sei lidar com processos mais longos que demandam esforço concentrado durante um período mais amplo. Foi assim com minha tese, por exemplo. Hoje a transformei em um livro sobre “A ATUAÇÃO MILITAR BRASILEIRA NA MINUSTAH: estratégias de enfrentamento das gangues no Haiti” (Editora CRV, 2019). Porém, reitero: não trabalho com metas quantitativas. Priorizo o sentido do texto e da ideia. Quando sinto que está bom, parto para o próximo elemento do texto ou paro e descanso. Não sei se é muito saudável, mas não costumo parar para descansar até ter desenvolvido suficientemente o texto de modo a permitir, posteriormente, uma reflexão crítica e a continuidade de onde havia parado. Porém, às vezes é importante deixar o texto hibernar e se ocupar com outras tarefas, mas quando retornar, deve-se ter garra, tanto para concluir quanto para lidar com novas descobertas de si e do seu pensar, e, possivelmente, com alguns desapontamentos, já que o afastamento auxilia na revisão crítica.
4. Como é o seu processo de escrita? Uma vez que você compilou notas suficientes, é difícil começar? Como você se move da pesquisa para a escrita?
Meu processo criativo envolve o que o Murilo Gun chama de combinatividade: leio muito e preencho meu conhecer a partir de múltiplas fontes. Combino tudo e faço uma síntese com base no que já conheço e pude verificar, seja a partir de fontes primárias ou através de um diálogo com meu eu. Converso muito comigo mesma. A essa altura, minha mesa estando repleta de repleta de referências e pequenas notas e desenhos, proponho uma sentença-chave ou mesmo uma frase criada em minha mente que se transforma na primeira expressão de sentido sobre o tema. A partir daí, como uma detetive, parto em busca dos sentidos.
5. Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?
A melhor forma de lidar com travas internas é a felicidade e o amor. De tão naturalizados, as pessoas esquecem a liberdade que readquirimos quando permitimos que nossos instintos sejam orientados pela felicidade e pelo amor. Ambos estimulam o querer ser, estar, fazer melhor. Expectativas são fluídas e transitórias, não devem ser encaradas de forma permanente, mas talvez como pequenas conquistas, de si mesmo, no caso das próprias expectativas, e do próximo, no caso de um interlocutor. Se estivermos felizes e encararmos as críticas com amor, ainda que tenham partido de fonte deliberadamente perniciosa, estaremos aptos a encontrar os elementos construtivos até mesmo na desconstrução. Projetos são porções do nosso ser, sejam longos ou curtinhos tratam-se da nossa contribuição para a coletividade. É importante fazermos o melhor porque o coletivo também contribui com nosso bem-estar seja psiquicamente ou mesmo materialmente.
6. Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?
Meu processo criativo envolve leituras em voz alta incontáveis vezes. Escrevo, lei e releio não apenas com a mente voltada para identificar falhas, mas principalmente para buscar sentidos e sentir se minha mensagem está íntegra com meu querer. Normalmente, antes de publicá-las, leio uma última vez para meus pais.
7. Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?
Tenho feito meus trabalhos no computador em editores de texto e imagem, mas às vezes sinto a necessidade de também o usar o papel, quando estruturo as ideias preliminares. Costumo fazer anotações em livros e deixar minha imaginação fluir no desenho de ideias.
8. De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?
De um suspiro profundo e um sorriso .^_^. É o que acontece toda vez que intenciono escrever algo. Olho para dentro de mim e sorrio para o mundo. Admiro os esportistas que com precisão matemática aperfeiçoam seus movimentos desfiando a gravidade e os limites da sua resistência. Ainda que não siga tamanha disciplina, meu criar vem da liberdade que encontro em meu eu e da vontade de querer ser, fazer, estar melhor, suspirando profundamente e alimentando meu sistema com o ar capaz de iniciar uma incansável combustão criadora de imaginação. Uso meus sentidos, visão, audição, percepção e crio um problema, partindo, então, para sua solução. Hábito e habilidade são semeáveis e podem ser alicerçados por meio de práticas edificantes como leitura, observação criativa do mundo, percepção dos sons da vida, identificação das cores e formas que nos cercam, uma palavra de amor para si e o próximo. Todas são práticas edificantes que estimulam ideias criadoras.
9. O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?
Meu processo de escrita ganhou robustez intelectual. Antes eu imaginava, mas não conseguia colocar tudo em palavras, seja por inibição ou mesmo por desconhecer conceitos ou elementos da vida e do mundo. Mas guardo com carinho a maior parte dos textos que já escrevi e os revisito olhando com ternura e curiosidade meu eu do passado. Sim, hoje sou melhor e amanhã serei melhor ainda. Se voltasse ao passado não modificaria a essência dos meus textos, mas os complementaria com a experiência que hoje disponho. Eu diria para mim mesma: Juliana continue sorrindo para o mundo e para si mesma, mais tarde em sua vida você saberá o quanto isso é importante para o mundo!
10. Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou? Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?
Quero compreender melhor o alcance da www.projeteseusucesso.com.br. Lancei a padre fundamental do projeto, mas preciso caminhar em busca dos sentidos, aprendendo e compartilhando. Anseio o contato de interessados. Parte das minhas experiências de vida não foram apenas materiais, mas ligados profundamente a minha alma. Hoje, busco e já encontrei referências que trazem luzes a algumas questões colocadas. Quero um dia ler o livro da minha vida a partir dos significados da minha alma.
Pedidos finais:
Você poderia anexar uma foto sua para a publicação?
Como você prefere ser identificada? (Exemplo: José Nunes de Cerqueira Neto é doutorando em direito na Universidade de Brasília.)
Juliana Sandi Pinheiro é doutorada em Desenvolvimento, Sociedade e Cooperação Internacional pela Universidade de Brasília, mestre e bacharel em Relações Internacionais, respectivamente pela UnB e pela UCB, anseia a ensinar felicidade, amor e liberdade por meio da projeção de ideias para boas escolhas pessoais e profissionais através da www.projeteseusucesso.com.br
Você teria sugestões de nomes para futuras entrevistas?
Fabiana Lopes Simões – fabianalsimoes@gmail.com